sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Antropoceno


O termo Antropoceno não é recente, tendo sido apresentado por Crutzen & Stoemer, em uma publicação do Programa Internacional da Geosfera-Biosfera, em 2000. No entanto, sua maior divulgação e notoriedade ocorreram após a publicação de um artigo do primeiro autor na Revista Nature, em 2002, intitulado “Geologia da Humanidade” (Crutzen, 2002 apud Filho et al, 2013).

Paul Crutzen foi o vencedor do Prémio Nobel de Química de 1995, com a descoberta do mecanismo da destruição da camada de ozono, e foi um dos cientistas que mais popularizou e difundiu o conceito de "Antropoceno".

De acordo com o mesmo, o termo Antropoceno se encontra mais adequado às efetivas alterações do homem na dinâmica da Terra, que aumentaram de forma acelerada em razão da evolução das ciências e das tecnologias modernas.
Para ele e muitos outros cientistas, a paisagem física já traz cicatrizes e marcas diretas e/ou indiretamente das ações antrópicas (feitas pelo homem), que fica difícil afirmar que haja, ainda, o chamado “espaço natural”.

Basta lembrarmos do fenómeno Aquecimento Global, mencionando na postagem anterior, o qual – além de ser um fenómeno cíclico, natural – tendo em vista que estamos atravessando uma fase interglacial, de temperaturas mais elevadas, a poluição com a emissão de gases de efeito estufa agravou e alterou a média da temperatura da Terra em escala global.
Isso significa dizer que não existe nenhum espaço ou paisagem na superfície terrestre de caráter exclusivamente natural, pois este ou esta já sofreu, direta e/ou indiretamente, os impactos das ações antrópicas.

Vários exemplos podem ser citados, como o degelo das zonas polares, do Monte Kilimanjaro, ponto culminante do continente africano, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, de metano e de dióxido de carbono retidos no gelo polar e etc.

Todas as intervenções antrópicas na superfície terrestre, independente do grau de seu impacto, implicam em uma maior ou menor ruptura ou alteração das funções ecológicas (funcionamento) dos ecossistemas. Sendo, com isso, capazes de interferir na estabilidade dos mesmos.
Existe, ainda, certa divergência na literatura especializada acerca do marco inicial da época Antropocénica. Alguns autores o consideram a partir da prática da agricultura extensiva, enquanto outros o assinalam com a I Revolução Industrial, ocorrida na segunda metade do Século XVIII, na Inglaterra.

No entanto, o maior consenso quanto ao seu início direciona-se à expansão industrial, ocorrida com e após a I Revolução Industrial, ou seja, a partir da segunda metade do século XVIII até hoje.



Os cientistas estão convictos que, no futuro, os materiais sedimentares apresentarão registros desses impactos a partir de resíduos deixados em seus depósitos. Em outras palavras, “os depósitos sedimentares exibirão a marca das atuais intervenções no meio ambiente, arqueólogos encontrarão restos de nossos animais domésticos, da mesma forma que resquícios de plantas cultivadas e partículas de plástico” (Terra).

Sem comentários:

Enviar um comentário

ESCOLA SECUNDÁRIA DE BARCELINHOS

Dia da floresta autóctone 23 de novembro